Hérnia inguinal na criança é a saída de uma víscera ( intestino, trompa, ovário,etc.), ou parte dela, da cavidade abdominal para a região inguinal por um defeito congênito nesta localização. Ele é causado pela persistência do conduto peritoneovaginal, e raramente em crianças, por defeito na parede posterior deste canal. Como o nome já diz, o conduto peritoneovaginal é um canal presente embriologicamente no ser humano que ao nascimento está quase fechado, em algumas pessoas ele persiste aberto, ou pérveo, o que permite estas vísceras passarem por ele, ou seja, causando a hérnia inguinal.
Algumas vezes, mesmo pérveo, ele é bem pequeno, e passa através deste canal para o escroto, apenas líquido peritonial, a que damos o nome de hidrocele. A hidrocele costuma ter cura expontânea entre 1 e 2 anos, caso isso não ocorra, é indicada a correção cirúrgica para evitar a evolução para uma hérnia inguinal.
A hérnia inguinal é doença muito frequente: acontece em mais de uma em cada cem crianças, acometendo mais os meninos do que as meninas. É muito mais comum em bebês prematuros: quase um terço deles tem a doença. Geralmente, o que se nota é um “caroço” ou “inchaço” na região inguinal (virilha), principalmente quando a criança faz força (choro ou evacuação nos bebês).
Assim que constatado o problema, é necessário fazer a cirurgia. Ainda que algumas pessoas, por receio, pretendam aguardar o crescimento dos bebês para que eles sejam operados, esta é uma má ideia: 75% das complicações graves das hérnias inguinais acontecem nos bebês, principalmente nos primeiros três meses de vida. Além disso, a anestesia geral em crianças pequenas é segura, desde que feita em boas condições técnicas e por anestesista habilitado.
As hérnias inguinais não se curam espontaneamente. Ou seja, não adianta aguardar uma melhora natural, que não vai acontecer.
O estrangulamento (hérnia estrangulada) acontece quando uma víscera (em geral uma porção do intestino) fica presa no canal por onde a hérnia sai, e passa a ter seu suporte sanguíneo comprimido e insuficiente, correndo o risco de necrosar (morrer) dentro da hérnia. Pode-se suspeitar de episódio de estrangulamento quando a criança, em geral sabidamente portadora de hérnia, sente dor local muito intensa e vomita repetitivamente. A hérnia se mostra irredutível, o conteúdo fica endurecido e a apalpação é dolorosa. Com o passar do tempo, a região fica avermelhada, inflamada.
Este quadro é mais frequente em bebês do que em crianças maiores. O tratamento nestes casos, quando a redução (colocação da víscera presa de volta na cavidade abdominal) é impossível, é a cirurgia de urgência, que tem maior risco do que uma cirurgia marcada (eletiva).
Outro problema frequente após o estrangulamento de uma hérnia é a atrofia do testículo do mesmo lado, cujos vasos sanguíneos nutridores ficam comprimidos enquanto a hérnia não é reduzida, por manobras de compressão ou cirurgia.
O tratamento da hérnia inguinal é sempre cirúrgico, e o que o cirurgião faz, através de uma pequena incisão na virilha, é descolar o saco da hérnia das estruturas vizinhas e ligá-lo (amarrá-lo) na região de sua origem no abdomen, para que não possa mais conduzir as vísceras pelo canal da hérnia. É, normalmente, uma cirurgia ambulatorial, com internação hospitalar muito curta.
Fonte http://www.cipe.org.br
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